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A fisiologia da Autocrítica e da Autocompaixão

“Quando nos sentimos inadequados, nosso autoconceito é ameaçado, e então atacamos o problema – nós mesmos! ” - Neff, C. e Germer, C. Manual de Mindfulness e Autocompaixão


Quando falamos de fisiologia sempre parece algo muito complicado, muito longe da realidade, como se aquilo tudo não estivesse acontecendo em nossos corpos. Mas entender e perceber como a fisiologia da autocrítica e da autocompaixão funcionam nos ajuda a ver como nossas emoções e pensamentos são inseparáveis do que acontece no nosso corpo.


Ao nos sentirmos ameaçados o sistema de luta e fuga do nosso organismo é ativado, e até aí é fácil de entender: aquela velha história que, diante do leão, o homem da caverna precisava estar pronto para sobreviver. Mas quando falamos de ameaças à nossa autoimagem, porém, quem é o inimigo? Quem está causando o problema?...Nós mesmos! Quando achamos que somos inadequados, queremos ser outra pessoa, nos odiamos e achamos que tudo seria muito melhor se fossemos mais magros, mais inteligentes, se soubéssemos outra língua, se tivéssemos mais jeito com as pessoas, se fossemos mais competentes, etc., etc., etc. Às vezes achamos que seria melhor se nem mesmo existíssemos!


A autocrítica entra aí como uma forma de lutar contra essa ameaça: claro (pensamos) se eu mudar, se eu for uma pessoa diferente, o problema acaba! E a maneira com que fazemos isso é através da autocrítica. As outras reações possíveis quando o sistema de luta e fuga é ativado, além de lutar contra o inimigo, é fugir dele (isolamento social) ou congelar (ficar ruminando a situação sem conseguir agir).


Ainda falando de fisiologia, a forma que nosso corpo tem para equilibrar o sistema de luta e fuga é o sistema de cuidado, o sistema que auxilia a reduzir o estresse e aumentar os sentimentos de segurança e proteção. Sabe como ele pode ser ativado? Com a autocompaixão!


Quando praticamos a autocompaixão desligamos o sistema de luta e fuga. De fato, os três componentes da autocompaixão são exatamente o oposto de nossas reações de defesa: bondade conosco (ao invés da autocrítica), humanidade compartilhada (ao invés do isolamento) e mindfulness (ao invés da ruminação).


Nos tratarmos com carinho quando estamos nos sentindo inadequados quebra o ciclo que alimenta o estresse e todas as emoções, pensamentos e reações corporais que vêm com ele. Há a liberação de hormônios que nos dão a sensação de bem-estar e segurança (ao invés de medo e urgência), nos acalmamos, saímos do padrão de pensamento ruminativo e vamos para um lugar de presença, calma e conforto.


A situação que fez com que nos sentíssemos inadequados continua presente, provavelmente, porém a forma como nos colocamos diante dela é completamente diferente!


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